As associações representativas das empresas aéreas atuantes no Brasil se uniram para reivindicar maior transparência na divulgação dos valores que compõem preço final do o querosene de aviação (QAV). O litro do combustível alcançou o patamar de R$ 3,30 no mês de agosto e já acumula alta de 82% nos últimos dois anos, de acordo com dados do setor. O valor é o maior desde 2002, quando entrou em vigor a liberdade tarifária no Brasil.
Informações divulgadas pela Associação das Empresas Aéreas Brasileiras (Abear), Associação Internacional dos Transportes Aéreos (Iata) e Associação de Transporte Aéreo da América Latina e Caribe (Alta) estimam que o setor teve gastos extras na ordem de R$ 1,3 milhão em 2017, em virtude dos alto preço do QAV.
O diretor-executivo da Alta, Luis Felipe de Oliveira, explicou que a precificação do produto pela Petrobras segue um método em que está embutido os custos de importação. “Mas esse custo não existe, já que a Petrobras importa apenas 8% do combustível; 92% é produzido no Brasil e cobrado como se fosse importado”, disse.
Assim como ocorre com outros combustíveis, a política de preços da Petrobras para o querosene de aviação (QAV) vendido às companhias distribuidoras reflete as variações do mercado internacional e taxa de câmbio. Para Oliveira, como o petróleo é uma commodity, isso não poderia ser diferente. Entretanto, as associações pedem que fosse feita uma média ponderada sobre o custo do combustível que é importado e do que é produzido no país.
Em nota, a Petrobras informou que não existem restrições legais ou regulatórias que impeçam a importação por terceiros. “A falta de importadores no mercado só corrobora que o preço praticado pela companhia é competitivo”, diz a nota.
Já para Oliveira, apesar de a Petrobras não ter o monopólio da venda e distribuição de combustíveis, acaba dominando o mercado por toda a parte de infraestrutura já consolidada no país. “Tudo que é margem de lucro para ela é um custo para qualquer importador”, disse, ressaltando que a falta de transparência sobre a precificação também desestimula a concorrência.
Passagens aéreas
De acordo com o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, o custo operacional das empresas aéreas reflete no preço das passagens. Segundo ele, cerca de 30% dos gastos das companhias é com combustível. “Como isso acaba chegando ao consumidor, depende muito da política comercial de cada empresa. Umas acabam fazendo promoções, outras, desde a desregulamentação da franquia de bagagem, estão conseguindo manter uma tarifa média de preços”, disse.
Ele lamenta a pressão sobre o valor dos custos operacionais e das passagens em um momento de aquecimento do setor. De acordo com Sanovicz, o primeiro semestre deste ano registrou aumento de 2 milhões de passageiros em relação a 2017.
Fonte: mercado&eventos